sexta-feira, 5 de outubro de 2012

9º dia de setembro


A gente tende a querer expressar só quando dói, parece que quando é bonito a gente não da valor, ou não sabe expor, medo talvez, e ai quando tudo deixa de ser, quando o coração aperta, quando chove dentro de si a gente quer botar pra fora de algum jeito, e esse é o meu; escrever.
Escrevo porque as minhas emoções tem que ser esvaídas de alguma forma e eu não quero, não posso e nem aguento mais a dor ainda maior de chorar, parece que cada lagrima derramada são toneladas me esmagando.
Não que eu esteja chorando as pencas estes dias, na verdade tive um ou dois choros e depois quando tentei de novo as minhas represas tinham fechado, o que eu não sei se é melhor ou pior, talvez melhor, talvez...
Eu sei, sou o desespero em pessoa, pareço um mártir daqueles bem enfadonhos de tanto reclamar da vida, e que vida, que vida boa, que coisas maravilhosas acontecem nela, mas eu tenho a puta mania de só enxergar o lado amargo, o ruim. Carrego pesos que nem sempre ou nunca preciso carregar, mas louca que sou os carrego assim sem precisar mesmo, sem me dar conta que a vida me sorri e eu ando fechando a cara.
A vida me sorriu nos últimos dois meses, e que sorriso... AH, eu me vi apaixonar sem querer, sem esperar, passei a ter sonhos bonitos, e não é que sorri também? Sorri de boca e peito aberto, me envolvi, encantei, e disse a mim que dessa vez iria ser diferente, eu seria diferente, fui me encantando, me deixando flutuar demais, até que veio um descuido, dois, três e lá vou eu ao chão, o encanto acabou como numa noite de festa quando o som acaba e deixa aquele silencio no ar, quando o salão vai ficando vazio de pessoas, mas as mobílias continuam lá esperando que alguém as tire.
Mas eu já estou me encarregando de tirar tudo sozinha sabe, desde o começo eu sentia que não ia ser, sabia por que me conheço e avisei “não sou boa nisso”, e não sou, não sei se um dia serei. Sou louca, descontrolada e de um coração tão vagabundo, inconstante que oh, hoje já não é o mesmo de algumas poucas semanas atrás. Não sei se o errado foi pularmos logo para a parte boa, ou as palavras mal ditas em si, ás vezes acho que o conjunto das duas coisas fez o tempo passar assim tão rapidinho e tudo encarregou-se de terminar em um curto espaço de tempo, afinal, muito já tinha se vivido em quarenta e pouquinhos dias.
Mas o erro mesmo está na parte do não conformismo, fui correndo atrás mesmo sabendo que até eu já não ouvia mais aquela musica dentro de mim que fazia-me suspirar ao vê-lo, e correndo tomei uma queda forte, encontrei-me de cara ao chão, ai sim chorei, coloquei até a culpa em Deus, mas depois o procurei como nunca, precisei da tua paz , mas antes de ansiar ao Pai busquei uma historia sórdida do passado e enlouqueci em conta-la, aliás, loucura maior é a danada da historia, que apesar de verdadeira é louca. Mas por fim hoje encontro-me em paz, saudosa, porém em paz. Cheguei ao entendimento que o que me dói mesmo não é o moço que partiu (mais um que se vai), o que me dói são as lembranças das palavras  e promessas de um futuro bom, e principalmente a saudade daquele 9º dia de setembro, o mais bonito de todos, o mais poético, doce e onde a música tocou tão alto em nós que nos embalamos em declararmos todo nosso bem querer, mas descuidados que fomos, esbarramos no radio, acabamos a festa, saímos do salão e estamos tirando mobília por mobília do que ficou, até que nem a lembrança daquele dia bom reste mais,  mas enquanto me resta vou suspirando, e lembrando não de ti, porque de ti não me cabe mais lembrar, mas sim de mim feliz em teu peito e sorrindo pra vida que acabou me fechando a cara, bem feito mocinha, quem manda fechar-se para a vida? Quando tentou abrir-se fez e meteu os pés pelas mãos, agora vai sozinha arrumar o salão inteiro depois dessa festa linda que ele teve, depois desse 9º dia de setembro, depois da passagem daquele por quem unicamente prometeu a si mudar-se, recompor-se, reconstruir-se, agora faça por si, quem sabe quando outro aparecer, quando a musica tocar novamente, quando a vida lhe resolver sorrir e lhe der um novo 9º dia de setembro você saiba aproveitar melhor, enquanto isso, vai sorrindo você pra vida e vê se dessa vez realmente tenta ser melhor, tenta de verdade, mas tenta unicamente por você mesma.

Um comentário:

Ariadne Veloso disse...

Como eu sei do que se fala tudo isso, e já te disse tudo que eu disse kkkkkkkkkkkk. Só venho aqui dizer que o texto, tá ótimo! Muito bom. ♥